quinta-feira, abril 29

A História do R.U. da UFBA

Era uma vez na Bahia

Na salvador, capital

Um grande elefante branco

Um belíssimo animal

Ele era meu e era seu

Patrimônio federal



Esse elefante anormal

Habita campus de lama

Savana ele não conhece

Repare na sua trama

Nunca saiu da Bahia

Mas é grande a sua fama



Foi falado paratodos

Cientistas de pouca idade

De boca a boca, evidente

Ele sem notoriedade

Pelo meio midiático

Ninguém soube a raridade



E na Universidade

Ele passou anos parado

Para o estudo aos espanhóis

E a um grupo politizado

Porém isso se acabou

Quando o bicho foi matado



Foi de uma morte matada

Institucionalizada

Para matarem a fome

De uma futura manada

Que será também defunta

Pra outra ser alimentada



Agora essa rara carne

Compram a cinco e cinqüenta

A preço de certas praças

Mas a gente não agüenta

Ou faz uma nova venda

Ou a gente arrebenta



Tá caro, tá caro, tá…

Tá salgada a refeição

R.U destemperado

Praça de Alimentação

Agora comer no shopping

É a melhor opção



Piadas aparte verão

Na salvador, capital

Camaradas bem unidos

Pelo o mesmo ideal

R.U bem temperado

Prato bom por um real



Pode vir senhor reitor

Para ver minha marmita

Para escutar o meu ronco

Duma barriga já aflita

Do caruru tu não come

Vai passar fome maldita



Tem pimenta nestes versos

Pois baiano sou bastante

E nessa tal Federal

Se o que falta é o picante

Então sinta mais o gosto

Dessa língua chamuscante



Ultrajante o restaurante

Neste estado, neste espaço

Já usado e reusado

E o pratinho a este preço

Sozinho, aqui me pergunto:

Será isso o que mereço?



Mas o piauiense

Paga, saibam só oitenta

O estudante lá da USP

Paga só um e noventa

E o de Feira de Santana?

O que a gente aqui só tenta



Prato bom por um real

Com saladas, grãos e soja

Macarrão, feijão e arroz

Pois não sou da sua corja

Um prato a cinco e cinqüenta

O aroma até me enoja



Vou comprar lá na baiana

Feliz, par de abarás

Abastecer de dendê

Meu organismo eficaz

Que precisa de comida

Mas não da cara demais



Faço rir o satanás

E sinceramente minto

Eu não como muitos livros

Eu ando lerdo, faminto

Onde é a aula de hoje?

Desesperado me sinto



Sento na minha cadeira

Confuso do meu lugar

Logo essa aula se acaba

E amanhã outra terá

E talvez não possa vir

Quando que vou me formar?



A fome me faz pensar

Com a barriga vazia

Vejo as cores da vertigem

Era uma vez na Bahia

Um seco universitário

Que fazia poesia



E o aberto elefante branco

Um belíssimo animal

Do qual não comeste nada

Nem um pedaço sem sal

Assim fica desnutrido

Morre pedindo um real
 
Denisson Palombo
http://cordelistica-mente.blogspot.com/2010/04/historia-do-ru-da-ufba.html

Um comentário:

Bárbara disse...

Muito interessante!
Gostei mesmo.